30
Set
06

Fechado na minha mente.

    

    Estou fechado na minha mente, transportado por um corpo cujo
prazo de validade irá expirar brevemente. Eu grito, mas não sai som algum,
tento fugir mas não tenho aonde ir e tento me esconder mas não tenho aonde
ficar. Vejo o mundo através de olhos que estão cansados de ver, escuto com
ouvidos surdos com som e sinto com o tacto entorpecido.
    Estou
fechado numa cela, essa cela é a realidade dos outros, o mundo que para todos é
perfeito mas que para mim é um pesadelo do qual tento acordar mas que não
consigo. Cansado, farto e sem paciência, resumido à minha triste existência
tenho de começar cada dia de novo ao desligar o despertador quando o que
realmente gostaria era de desligar o mundo, carregar no botão vermelho e acabar
com tudo. Infelizmente não posso, porque estou fechado na mente deste corpo,
tentado sobreviver ao meu encarceramento involuntário, esperando apenas para o
dia em que partir em direcção às estrelas infinitas do universo.
    No
entretanto, mais uma hora, mais um dia e mais uma semana. Uma e outra vez numa
sequência sem fim, parece-se repetir tudo novamente, como castigo, como se
fosse o purgatório da consciência tenho de viver para continuar involuntariamente,
mas continuo a tentar seguir, a fugir da rotina a escapar-me deste espaço
fechado. Quero correr, sentir o vento na face, mas não consigo porque estou
aqui fechado neste quarto de hotel com olhos como janelas.
    Estou
farto, mas no entanto continuo a minha marcha, através dos obstáculos e
barreiras que surgem, um passo de cada vez, um dia para me preocupar apenas na
ocasião e uma vida isolada na vastidão do conhecimento e dos inúmeros pensamentos
que pela minha mente correm.
    Só desejava
saber aonde e quando irei afinal parar.

           


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