Estou fechado na minha mente, transportado por um corpo cujo
prazo de validade irá expirar brevemente. Eu grito, mas não sai som algum,
tento fugir mas não tenho aonde ir e tento me esconder mas não tenho aonde
ficar. Vejo o mundo através de olhos que estão cansados de ver, escuto com
ouvidos surdos com som e sinto com o tacto entorpecido.
Estou
fechado numa cela, essa cela é a realidade dos outros, o mundo que para todos é
perfeito mas que para mim é um pesadelo do qual tento acordar mas que não
consigo. Cansado, farto e sem paciência, resumido à minha triste existência
tenho de começar cada dia de novo ao desligar o despertador quando o que
realmente gostaria era de desligar o mundo, carregar no botão vermelho e acabar
com tudo. Infelizmente não posso, porque estou fechado na mente deste corpo,
tentado sobreviver ao meu encarceramento involuntário, esperando apenas para o
dia em que partir em direcção às estrelas infinitas do universo.
No
entretanto, mais uma hora, mais um dia e mais uma semana. Uma e outra vez numa
sequência sem fim, parece-se repetir tudo novamente, como castigo, como se
fosse o purgatório da consciência tenho de viver para continuar involuntariamente,
mas continuo a tentar seguir, a fugir da rotina a escapar-me deste espaço
fechado. Quero correr, sentir o vento na face, mas não consigo porque estou
aqui fechado neste quarto de hotel com olhos como janelas.
Estou
farto, mas no entanto continuo a minha marcha, através dos obstáculos e
barreiras que surgem, um passo de cada vez, um dia para me preocupar apenas na
ocasião e uma vida isolada na vastidão do conhecimento e dos inúmeros pensamentos
que pela minha mente correm.
Só desejava
saber aonde e quando irei afinal parar.
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